sábado, 6 de outubro de 2012

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA


Chegamos ao dia das eleições municipais. A noção de cidade e de democracia deveria nortear os eleitores (as) nesse momento tão delicado de nossa conjuntura. Só que infelizmente, muitos ignoram sua condição e até vendem de forma humilhante o seu voto.

Na cidade – e para nós de Aracaju – passamos a maior parte de nossas vidas. Nela sofremos, choramos, lutamos, sorrimos e votamos. Nas eleições municipais todos esses traços aparecem com força e nosso dever é contribuir com uma participação altiva e coerente.

O último debate dos candidatos majoritários em Aracaju foi pífio e desastroso. Nada de novo surgiu e, pareceu-nos um teatro o engessamento dos participantes e das perguntas. Não sentimos firmeza. Temas fundamentais para o povo aracajuano passou distante e alguns ataques pessoais voltaram à tona manchando a democracia e esnobando da inteligência do (a) eleitor (a).

Temos a convicção que dessa vez ainda não avançaremos em questões urgentes para a coletividade. Podemos citar a dimensão ambiental e a problemática dos transportes. Na primeira, vemos o rio Sergipe poluído e agonizando em nossa capital. Que vergonha! A população, representada por entidades, igrejas, sindicatos e grupos ligados ao meio ambiente tem feito muito pouco. Os gestores: nada! E então, quem vai nos representar nessa luta? Na segunda, estamos à deriva. As empresas de transporte coletivo mangam da população. As propostas da campanha precisam de exeqüibilidade e nós, cidadãos e cidadãs temos que cobrar. Sair desse “anestesiamento social” e de uma inércia profunda que gera corrupção e permite aos gestores adiar sempre mais as mudanças necessárias. Transporte de qualidade e, sobretudo, viabilizar conforto e menos poluição ao meio ambiente.

Num pais como o Brasil, aonde o regime político permite eleição para os municípios é uma vergonha omitir-se da votação. A democracia representativa é uma condição de fazer valer nosso voto para prefeitos e vereadores honestos e comprometidos com o bem comum. O prefeito exerce de forma “macro” o papel de um síndico. Ele governa e dirige o município para todos e todas; ele nos representa e não deve ser o dono das verbas e da vida da população. Por isso, deve cair quando governa mal. E os vereadores (as)? Possuem tarefa complexa. Apresentam projetos e fiscalizam o executivo. Num regime democrático e representativo como o nosso, vereador recebe delegação de um coeficiente “X” da população. Não é assistente social para doar coisas e empregos. Não é um “messias” na concepção de que deve salvar rebanhos. Cremos que no legislativo nossa escolha deva ser mais acurada. Eleger um (a) vereador (a) exige critérios éticos e na nossa cidade todo cuidado é pouco com a ingerência de empresas e grupos econômicos. A população precisa acordar para não sofrer depois conseqüências desastrosas como no caso do Plano Diretor.

Democracia é um exercício delicado e necessário. Representatividade exige consciência e uma práxis mais comunitária. Votar, eleger, cobrar e mudar de candidato pode ser uma boa saída, quando a população reconhece seu papel no sistema político. Para fechar – por hora – a questão, citamos um trecho da Centessimus Annus:

·        “A Igreja encara com simpatia o sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares ou dos objectivos ideológicos” (n. 46).

Oxalá, Deus nos permita dias melhores na nossa cidade. Consciência cidadã mais apurada e tempos melhores para nossos filhos (as), netos e netas.

José Soares de Jesus

Mestre em Ciências da Religião –UNICAP/PE

·        João Paulo II, Encíclica Centessimus Annus, 1991.