sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dormi em Patmos (Grécia), acordei em Aracaju

Os últimos acontecimentos que despontam no Brasil são de deixar o cidadão de “orelha em pé”. Não bastassem os escândalos de corrupção e a queda de personagens do primeiro escalão do governo, temos que assistir a seleção canarinho jogar e ganhar do Gabão de 2 X 0. É lastimável, que mediocridade. Esses fatos nos impelem até a desejar que o famoso “hospital do câncer” em Sergipe, que nem sequer foi licitado, seja uma poça de água fria num deserto, não de areia mais de sensatez. Faça-me o favor.
Quanto à corrupção já virou endemia. Está patente que corruptos e corruptores comungam de uma cultura de impunidade nesse país. A população também é inerte é compactua quando no ônibus lotado, o trocador apressado devolve R$ 17,50 ao passageiro, pensando que ele lhe dera R$ 20,00, quando na verdade, deu apenas R$ 5,00 e, na passagem que custa R$ 2,50 o cidadão imoral, segura o troco como se nada tivesse acontecido. Que mediocridade.
Quanto ao futebol, admiremos Neymar que vai ganhar mais de R$ 3.000.000,00 por mês, enquanto os flanelinhas no mercado de Aracaju mendigam a gorjeta de R$ 0,50 por carro. Poupem-me! Sempre me liguei no futebol, mas os gaboneses com sua cultura rica e contagiante no centro da África – que de passagem é nossa mãe cultural – não deviam aceitar jogar com um time tão fraco e inconsistente. Francamente, eu distribuo melhor as camisas do que o Mano Meneses. O que dinheiro não faz. Que horror.
E o famoso hospital? Mal se falou nele e pensei: os hospitais dos bairros – Getúlio Vargas e Augusto Franco – e mais o HUSE estão superlotados de que? De pessoas alegres e felizes pelo atendimento exemplar do poder público? Que nada, estão chorando e se lastimando porque na saúde há dinheiro que corre pelo esparadrapo e escorrega pelo éter, ou melhor, pela seringa do oportunismo. Não queremos saber se virá ou não mais uma casa de saúde, queremos é tratamento para os mais pobres. Logo, foi para ontem. Melhor, amanhã, não me confundiram, hoje, depois e depois e não promessa antecipada de campanha. Chega de embromação.
Na sociedade que privilegia o acerto e acredita na justiça, as coisas não podem andar desse jeito. Sonhei que em 2012, teremos um (a) prefeito (a) com rosto de médico, corpo de juiz (justiça, equidade), braços e mãos como o de Marta que sempre atendeu Jesus com presteza e pernas de Zico, para fazer sem excentricidade – como a do desgastante Neymar – gols de falta, gols de liberdade, de equidade licitatória e gols de democracia. De repente, acordei. Foi um sonho. Mais não custa hein, não paga imposto. Terminando: “Esse é um pais que vai prá frente...”
José Soares de Jesus


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vaticano II: O Concílio da mudança

O Concílio Vaticano II foi convocado pelo Patriarca de Veneza, Cardeal Ângelo Roncalli. Mas não é o papa que o faz? Sim, é porque esse nome nos enche de alegria e esperança. Esse homem de fé, brilho incomensurável e muita fidelidade ao Cristo Bom Pastor, tornou-se o João XXIII, o papa mais destemido do século XX.
Sua atitude corajosa foi capaz de desbloquear alguns entraves que desde o Vaticano I (séc. XIX), a Igreja Católica sentia na sua relação com a sociedade civil e com as outras religiões.
João XXIII (1958-1963) soube auscultar o sinais dos tempos e deu a Igreja o rumo eficaz para dialogar sem medo com as problemáticas da modernidade na metade do século das grandes descobertas. "A Igreja assiste, hoje, à grave crise da sociedade. Enquanto para a humanidade surge uma era nova, obrigações de uma gravidade e amplitude imensas pesam sobre a Igreja, como nas épocas mais trágicas da sua história. Trata-se, na verdade, de pôr em contacto com as energias vivificadoras e perenes do evangelho o mundo moderno: mundo que se exalta por suas conquistas no campo da técnica e da ciência, mas que carrega também as conseqüências de uma ordem temporal que alguns quiseram reorganizar prescindindo de Deus" (Humanae Salutis, 3).
Sem medo das mudanças oriundas de uma mentalidade modernista o "papa bom" soube abrir as janelas da instituição para o mundo sem condenar, sem excluir, sem atemorizar "os diferentes" e sem oferecer palavras de concessão ambígua. Colocou a Igreja de Cristo no caminho da Tradição e do amor, abrindo o evangelho 
de Jesus para todos e todas.
A concepção eclesiológica que prevaleceu no Concílio das Mudanças foi a de colocar a Igreja Esposa de Cristo no lugar e no coração da humanidade, fazendo-a absolver as aspirações e os reclames de homens e . mulheres que não se sentiam incluídos na sua missão.
Tanto é assim que na Lumen Gentium, sua primeira constituição por ordem de abertura, o segundo capítulo fala sobre o "Povo de Deus". Uma inovação eclesiológica que custou o sono, a luta e a persistência de muitos padres conciliares. Quem poderia imaginar que a "Constituição Hierárquica da Igreja" ficaria no capítulo posterior? Um avanço muito relevante. Sinal de mudança e mais de transição. Uma Igreja que "só ensinava", agora se abre para ouvir, compreender, dialogar e dispor aos cristãos um espaço privilegiado de pertença eclesial. Pena que muitos (as) ainda não conhecem tamanha riqueza histórica.
As idéias restritivas do passado, foram superadas pela necessária adequação da Igreja ao tempo presente. “O conceito de Igreja “sociedade perfeita” estava já implícito nas afirmações de Gregório VII, o papa que ligou o seu nome a uma das mais poderosas reformas da Igreja, realizadas no século XI” (ZAGHENI, 1999, p. 59). Essa imagem que perpassou o período moderno alimentou uma concepção notadamente hierárquica. O Vaticano II, agiu como uma "dobradiça" e permitiu que as janelas da "Eklessia" se abrissem para incutir os ventos da liberdade, do amor, do perdão e da acolhida. 
Salve o Vaticano II. São 46 anos de desafios e precisamos insistir para que ele reoriente os caminhos da Igreja de Cristo.

REFERÊNCIAS 

HUMANAE SALUTIS. cONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO XXIII.


ZAGHENI, GUIDO. A Idade Contemporânea: curso de história da igreja. São Paulo: Paulus, 1999.


  

Outubro de "Fé"

Artigo: Outubro de “Fé”

Durante o mês de outubro fomos presenteados com a memória de mulheres e homens fantásticos.
Santa Terezinha, Tereza de Àvila, Francisco de Assis e Virgem Aparecida. Que tempo maravilhoso para poder reconhecer a grandeza desses predestinados (Rm 8,28-30) que souberam pelo batismo viver mergulhados no amor de Deus.
São nos momentos mais delicados da história da Igreja que o Espírito suscita essas pérolas para ajudar a Esposa de Cristo retomar o caminho da liberdade e do compromisso com os pobres e sofredores. Tereza de Ávila foi uma dessas que questionou, discutiu, rezou, interpelou e deu sua indispensável contribuição.

Já no dia 28 de outubro tivemmos Judas e Simão, o Zelote. Dois homens diferentes em tudo. O Zelote fazia parte de um grupo que lutava para libertar a Palestina do domínio Romano. Ave-Maria, Jesus tem cada escolha, pode se questionar o leitor! Mas é isso mesmo. Que bom. Jesus escolhe quem ele quer e mais, escolhe sem ligar para unanimidade (Mt 10,1ss).
Para aqueles (as) que gostam de "santos" sem se importar com as vicissitudes da vida, um aviso: você está fora da agenda/lista de Jesus. Ele não chama pelo critério da unanimidade. Nem os "melhores" e nem os mais "comportados". Ele não liga para clichês e rótulos. Para segui-lo basta amá-lo com inteireza. Senti-lo com o coração e deixar que o Espírito de Deus (Lc 4,16ss) assuma o leme. Que mês de fé. Experimente aproximar-se Dele e saiba que como a Simão, Judas, Hélder, Diva, Pedro, Dorothy (assassinada no Pará), Tereza, Dulce e tantos outros ele te chama e te capacita. Basta que aceite o diferente.

    José Soares de Jesus
    Paróquia Pio X
    Mestrando-aluno de Ciências da Religião
    UNICAP-PE